JO. WERONYKA
quarta-feira, 14 de março de 2012
quinta-feira, 8 de março de 2012
A MENTECAPTA
Novamente ela saiu á procura de sua outra ou outro , que seja a mais um na lista dos mortos -vivos da rainha Mentecapta. Ela empunha sua espada e sai decaptando a qualquer pessoa que ela ver e se entusiasmar por seu sangue e sua cabeça, ela não deseja seu corpo, ela quer sua cabeça , quer beber ate a ultima gota de sangue que escorra pelo canto da boca e saboreie sua mente, em seu paladar mais arduo e cruel, ela quer sua paixão mas despoja seu coração, que já não a lhe interessa, ela quer mesmo sua cabeça em suas mãos , para que possa olhar em seus olhos e ver o ultimo movimento de vida que percorria a esperança da modificação da transmutação do fisico ao espiritual, que apenas o real parece ser real e tudo que importa são lágrimas que não rolaram, e a troca foi atendida e o cálice da tragedia não poupou os desgastes da passagem do medo de violar os andarilhos do mercado de pulgas, onde sua cabeça foi vendida aos porcos, para que aceitassem todos os comandos e a ordem sem ordem da ordem que seja a mentira do segredo que não houve por traz das cortinas que o beijo declarou roubado, mas ela de volta a cena do crime faz jus as expeculaçoes assustadoras a seu respeito , a mulher assasina que deseja partir em um golpe de espada a falsidade do tempo que finge pertencer a escala da maldade e bondade, para que o equilibrio estabeleça o embaraçamento de razoes , que a sujeira encobre e não descobre a podre maçã que foi mordida e a serpente não foi devorada mas devorou aos devoráveis.
JO. WERONYKA
segunda-feira, 5 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
INSANA
Hoje fiz a coisa mais surpreendente da minha vida !
MATEI UMA BARATA!!
Eu cá estava teclando , concentrada e desconcentrada ao mesmo tempo, vá entender, ou melhor não entenda nada mesmo! quando ouvi um barulho no chão revirando o copo que deixei preguiçosamente após tomar meu campari, e então olhei aquela coisa bicha feia casquenta marron e com asas asquerosa metida entrando no meu escritório, atrevida , como ousa??? pensei duas coisas: como vou matá-la antes que ela tente subir na minha mão e eu caia desmaiada com uma aritimia cardiaca? e virar noticia, por morte causa desconhecida? e então, então... sem outra solução, porque ela iria revirar todo o comodo e o pior , talvez entrar nas gavetas, nos arquivos? se misturar com minha caixa de chocolates suiços comprados paraguainamente? NÃO! olhei a minha volta e o que vi foi a sandalha de plataforma 12 cm ! É ESTA! sem raciocinar , lasquei -a na insana cretina! ela correu , desesperadamante correu de mim, me senti uma GIGANTE! ela estava amedontrada comigo! virei o jogo! e ela vinha pra lá e pra cá, minha coragem manteve firme, eu estava no pódio ! e meus neuronios estavam saltitantes e foi ai que miléssimos de segundos lembrei do meu ajudante inseparável: INSETICIDA!!! fui acelerada para cozinha e o agarrei em mãos mais feliz que toféu de oscar!!! foi então que chegando em meu escritório na ponta dos pés a olhei e ela louca ali sem saber que direção seguir... A MOLHEI, PULVORIZEI E MATEI!!! RODOU NO CHÃO , TENTOU SUBIR PELO CANTO DA PAREDE NO BATENTE, MAS JÁ ESTAVA FRACA E MORREU! E para meu gozo particular, não resisti e peguei a sandalha novamente e a esmaguei, eu era KILL BILL, MATADORA DE BARATA!
JO. WERONYKA
sexta-feira, 2 de março de 2012
O BE Á BÁ !!!
Quando faço este mesmo trajeto , e vejo sempre meus passos como se quisessem permanecer pregados ao chão e gritar por socorro por ter perdido a hora e não ter vivido a tudo que supera as fontes externas, o que as nuvens não levam seu perfume e que se torna a desgustação dos simples viajantes com sede do frescor, que o vento traz ainda que o deserto esteja a frente. Não quero importunar com minhas ausencias lúdicas, mas quero tocar seus cabelos e transpor os golpes que os açoites puderem causar, pois inquieto é o homem, que se perde em respiraçoes a que em longas caminhadas, onde o mendigo estende a mão e estamos ali diante dele com uma facada que não corta, mas despedaça sua alma. Estou próximo agora, apenas, falta, ah? outra vez? falta? até quando? até a luz se apagar em meu choro interno o que o sorriso não disfarça....Agora.. agora... vou seguir ou ficar por aqui, sempre e sempre o mesmo, e isto tornou-se ao longo dos anos um pedestal!!! e de lá olho e penso: Porque não há ceus sobre meus pés e achei por horas .. que poderia voar... sou tolo! tolice amarga e indispensável silencio dos inocentes que é a covardia dos submissos.... mas não venha dizer-me que estou apavorado, é um desses momentos, que procuro a razão e ela me escapa das mãos e se faz sangrar meu coração. Ei, voce esta aqui ? não me deixe lhe ver, não posso te ver, voce é forte demais para mim, e minha fraquesa é todo arquétipo que inventei, não venha desfazer tudo agora, tive um grande trabalho pra isto... porque então que raios dos raios estaria voce fazendo aqui agora? não me implore perdão, sou cafetão orgulhoso, digno das estórias grotescas que o gozo é a morte de seu ego. Olho pela janela e o sol ilumina meu semblante cansado, esgotado de tantas explicaçoes, onde desligo tudo isto? alguem escondeu o famosa tecla que deleta tudo que foste criado e reinventado dezenas e dezenas de vezes para aplacar a nada ?
Outra que me sugere correr riscos, mas, olhe meu pés estão marcando a cada segundo que os solto, não, não devo seguir-te! preciso de paz, o alcool atravessou meu equilibrio e aquela velha quimica me fez mediocre, e então, e então? preciso da minha poltrona , e lembrar dos tempos que era um sujeito timido de cabeça mergulhada em um livro qualquer procurando o que nunca irei encontrar e fez de mim escravo de mim mesmo, sem dias, sem horas e com muitos planos insanos.......
JO. WERONYKA
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
AOS MEUS INIMIGOS QUE ME AMAM NO BEIJO DE JUDAS
Sempre me esqueço o tão lindo era olhar para o alto e sentir como tudo despencasse sobre mim e me sentia viva e desperta e agora o que vejo? vejo um turbilhão de amontoados de invejosos que esperam me destruir antes que eu faça algo que os tire da inércia do pensamento que eles se tornaram... correm algum risco? acho que de minha inocencia adquirida pelo ódio, sinceramente não! não há rancor o suficiente para que desloque minha ira e lhes permita ver o proprio sangue a sair de sua pele gritando emergindo de um corpo apertado por falta de paz!
Então , não me entregarei nas montanhas não farei de mim um golpe mal dado ou uma espada mal empunhada, quero meus inimigos perto e longe para que vejam que o transtorno que me causam é a dor de sua alma que sufoca a si mesmo por ausencia de coragem para ser o que é realmente ser, por isto me odeiam tanto, querem me matar para matar os seus medos de não ser o que é ser , e sou o espelho que muitos fogem para não se enxergarem, e o passo mais facil é me quebrar , me quebrando em pedaços para que o desequilibrio seja real o que não é real neles, o real que negam existir, por medo, medo de se encararem e descobrirem que sempre foram obdiente a um sistema que os atropela e restringe seu espaço , não querer se ver é não se permitir viver, algo deu muito errado ao se permitirem se olhar e não desejam se olhar novamente, então o que resta é proibir que a lua brilhe e o disfarce chegue ao fim, será mais convicente prosseguir ao abstrato que eles criaram para não se deixarem sair do esconderijo. E a alma chora, implora como uma criança quando perde o brinquedo e a inquietação machuca a dor se aprofunda e logo se percebem que algo esta dando errado: eu estou ali de frente rasgando as cortinas e dizendo ; olha o que voces fizeram consigo mesmo? e assim as lanças me atacam na traição pelas costas sem barulhos sem sombras elas me veem tranquilamente como o beijo de judas!
JO.WERONYKA
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
UM PUTO NAS RUAS DE NOVA YORK
Mais uma vez o cigarro não acendeu....
porque?
oras... preciso dele na minha boca e apenas isto....
preciso dele que seja minha amante aquela me inspira,
aquela que deixa louco de vez em quando,
mas apenas assim de vez em quando.... para que me torne um sedutor barato e bem vagabundo
do tipo que abre a porta do hotel
e transa como um gigolo materialista que sou....
aff! relembrar tempos?
Oh ! NO ! MY GOD!
NÃO VOU DESPIR MEU CEREBRO PARA QUE DEPOIS VOMITE NELE
com seus arquétipos montados...
me detenho agora apenas desejar ver seu olhar em mim, assim...
na ponta do cigarro sem mais!
me basta!
foda-se!! iras me salvar???
deste quarto sujo e asqueroso
aonde as aparencias enganam e tudo
não passe de um truque?
hehehe... hey menina, sou muito bom nisto....TRUQUES!
mas confesso em minha rebeldia transviada que não sei sumir com voce daqui,
será que será que isto que será que quero?
eu sou um blef!
não me leve tão a sério...., por favor meu amor!
sou um sujeito metido a sei lá o que pra que do que?
que nada! ainda sou um sem calças com sandalhas
trocando de esquinas....
me esqueça!
me esqueça... , mas não deixe de estar na ponta do meu cigarro
já que ele insiste e existe sera que é que emite?
emite fragmentos de meus pensamentos sacanas pra ti , oh ! moça?
mas deixe... assim deixe nesta posição
para que me goze e meu gozo seja mais um
entre tantos, mas mais UM
que fez me HOMEM!
JO. WERONYKA
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
SOU O NOVO, SOU O ANTIGO......
VEM CACHORRA!!
VEM PRO TEU MACHO SUA PUTINHA....
E TRAGA MEU CIGARRO PIRANHA!
VOU TE CASTIGAR VADIA, VOCE MERECE,
PRA SACIAR SEU DONO E MATAR SUA SEDE
ANTES QUE EU LHE MATO!
QUEM VOCE ACHA QUE VAI ENGANAR COM SEUS TRUQUES?
SOU TEU DONO TUA CADELA!
E NÃO SEU GAROTO DE PAU DURO!
SE VIRA GALINHA!
E BEIJE MEUS PÉS, AGORA, É UMA ORDEM!
DEPOIS QUERO COMER SUA BUCETINHA....
QUERO TE VER GRITAR , GEMER E IMPLORAR PARE!
VOCE ACHA QUE EU TE ESCUTO?
VOCE É QUE ESTA AQUI PARA ME ESCUTAR, POR ISTO ME SIRVA AGORA!
PORQUE ME OLHA ASSIM? SENTE FALTA DAS PORRADAS NÉ PIRANHA?
EU VOU GOZAR NA TUA CARA! GOSTOSA!
ISTO... ASSIM.. ASSIM MESMO ESCRAVINHA,,,,
CAPRICHA PRO TEU DONO , VAGABUNDA!
TA QUERENDO MAIS NÃO É MESMO?
MAS AQUI QUEM DITA AS REGRAS SOU EU!
E CALA A BOCA!
SÓ FAÇA O QUE EU MANDO!
JÁ TE AVISEI, TÚ É MINHA FEMEA, MAS NÃO ABUSA....
VAI LOGO.....
TIRA A CALCINHA
QUERO TE DAR UMAS CHICOTADAS
ANTES DE EU ENTRAR NESTA SUA XOXOTA GOSTOSA
MACIA, APETITOSA, OFERECIDA PRO TEU MACHO!
ONDE VOCE APRENDEU SER ASSIM TÃO SERVIÇAL HEM BISCATE???
FORAM TEUS PERIGUETIS LA DA RUA? É???
TÚ NUNCA ANTES TEVE UM GENTLEMAN NÃO EH MESMO MINHA CADELINHA?
UM HOMEM QUE TE ENCOXA NA PAREDE E TRANCA SUA BOCA!
QUE TE FAZ GOZAR DE DOR DO PRAZER DE SE ENTREGAR A TEU MACHO!
VAI CACHORRA, ABRE AS PERNAS
E SE PREPARA!
HOJE AS PAREDES ESTÃO SURDAS....
JO. WERONYKA
domingo, 15 de janeiro de 2012
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
RARA ENTREVISTA COM O PAI DA PSICANÁLISE SIGMUND FREUD, EM 1926
O valor da vida - uma entrevista rara com Freud
O cão se chama Lün, um chow presenteado por Helene Deutsch,
Entre as preciosidades encontradas na biblioteca da Sociedade Sigmund Freud está esta entrevista. Foi concedida ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926. Deve ter sido publicada na imprensa americana da época. Acreditava-se que estivesse perdida, quando o Boletim da “Sigmund Freud House” publicou uma versão condensada, em 1976. Na verdade, o texto integral havia sido publicado no volume Psychoanalysis and the Fut , número especial do “Journal of Psychology”, de Nova Iorque, em 1957. É este texto que aqui reproduzimos, provavelmente pela primeira vez em português.
Tradução de Paulo César Souza
S. Freud: Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.
(Quem fala é o professor Sigmund Freud, o grande explorador da alma. O cenário da nossa conversa foi uma casa de verão no Semmering, uma montanha nos Alpes austríacos. Eu havia visto o pai da psicanálise pela última vez em sua casa modesta na capital austríaca. Os poucos anos entre minha última visita e a atual, multiplicaram as rugas na sua fronte. Intensificaram a sua palidez de sábio. Sua face estava tensa, como se sentisse dor. Sua mente estava alerta, seu espírito firme, sua cortesia impecável como sempre, mas um ligeiro impedimento da fala me perturbou. Parece que o tumor maligno no maxilar superior necessitou ser operado. Desde então Freud usa uma prótese, para ele uma causa de constante irritação).
S. Freud: Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro ele a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção. Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos.
(Freud se recusa a admitir que o destino lhe reserva algo especial).
Por que (disse calmamente) deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com suas agruras, chega para todos. Eu não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, mais de setenta anos. Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas – a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr-do-sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?
George Sylvester Viereck : O senhor teve a fama. Sua obra influi na literatura de cada país. O homem olha a vida e a si mesmo com outros olhos, por causa do senhor. Recentemente, no seu septuagésimo aniversário, o mundo se uniu para homenageá-lo – com exceção da sua Universidade.
S. Freud: Se a Universidade de Viena me demonstrasse reconhecimento, eu ficaria embaraçado. Não há razão em aceitar a mim e a minha obra porque tenho setenta anos. Eu não atribuo importância insensata aos decimais. A fama chega apenas quando morremos e, francamente, o que vem depois não me interessa. Não aspiro à glória póstuma. Minha modéstia não é virtude.
George Sylvester Viereck: Não significa nada o fato de que o seu nome vai viver?
S. Freud: Absolutamente nada, mesmo que ele viva, o que não é certo. Estou bem mais preocupado com o destino de meus filhos. Espero que suas vidas não venham a ser difíceis. Não posso ajudá-los muito. A guerra praticamente liquidou com minhas posses, o que havia poupado durante a vida. Mas posso me dar por satisfeito. O trabalho é minha fortuna.
(Estávamos subindo e descendo uma pequena trilha no jardim da casa. Freud acariciou ternamente um arbusto que florescia).
S. Freud: Estou muito mais interessado neste botão do que no que possa me acontecer depois que estiver morto.
George Sylvester Viereck: Então o senhor é, afinal, um profundo pessimista?
S. Freud: Não, não sou. Não permito que nenhuma reflexão filosófica estrague a minha fruição das coisas simples da vida.
George Sylvester Viereck: O senhor acredita na persistência da personalidade após a morte, de alguma forma que seja?
S. Freud: Não penso nisso. Tudo o que vive perece. Por que deveria o homem constituir uma exceção?
George Sylvester Viereck: Gostaria de retornar em alguma forma, de ser resgatado do pó? O senhor não tem, em outras palavras, desejo de imortalidade?
S. Freud: Sinceramente não. Se a gente reconhece os motivos egoístas por trás da conduta humana, não tem o mínimo desejo de voltar à vida. Movendo-se num círculo, seria ainda a mesma. Além disso, mesmo se o eterno retorno das coisas, para usar a expressão de Nietzsche, nos dotasse novamente do nosso invólucro carnal, para que serviria, sem memória? Não haveria elo entre passado e futuro. No que me toca, estou perfeitamente satisfeito em saber que o eterno aborrecimento de viver finalmente passará. Nossa vida é necessariamente uma série de compromissos, uma luta interminável entre o ego e seu ambiente. O desejo de prolongar a vida excessivamente me parece absurdo.
George Sytlvester Viereck: Bernard Shaw sustenta que vivemos muito pouco. Ele acha que o homem pode prolongar a vida se assim desejar, levando sua vontade a atuar sobre as forças da evolução. Ele crê que a humanidade pode reaver a longevidade dos patriarcas.
S. Freud: É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por uma pessoa habitam em nosso peito ao mesmo tempo, assim também toda a vida conjuga o desejo de manter-se e o desejo da própria destruição. Do mesmo modo como um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda a matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e os impulsos de morte habitam lado a lado dentro de nós. A Morte é a companheira do Amor. Juntos eles regem o mundo. Isto é o que diz o meu livro: “Além do Princípio do Prazer”. No começo, a psicanálise, supôs que o Amor tinha toda a importância. Agora sabemos que a Morte é igualmente importante. Biologicamente, todo ser vivo, não importa quão intensamente a vida queime dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação da “febre chamada viver”, anseia pelo seio de Abraão. O desejo pode ser encoberto por digressões. Não obstante, o objetivo derradeiro da vida é a sua própria extinção.
George Sylvester Vierneck: Isto é a filosofia da autodestruição. Ela justifica o auto-extermínio. Levaria logicamente ao suicídio universal imaginado por Eduard von Hartmann.
S. Freud: A humanidade não escolhe o suicídio porque a lei do seu ser desaprova a via direta para o seu fim. A vida tem que completar o seu ciclo de existência. Em todo ser normal, a pulsão de vida é forte o bastante para contrabalançar a pulsão de morte, embora no final resulte mais a forte. Podemos entreter a fantasia de que a Morte nos vem por nossa própria vontade. Seria mais possível que pudéssemos vencer a Morte, não fosse por seu aliado dentro de nós. Neste sentido (acrescentou Freud com um sorriso) pode ser justificado dizer que toda a morte é suicídio disfarçado.
(Estava ficando frio no jardim. Prosseguimos a conversa no gabinete. Vi uma pilha de manuscritos sobre a mesa, com a caligrafia clara de Freud.)
George Sylvester Viereck: Em que o senhor está trabalhando?
S. Freud: Estou escrevendo uma defesa da análise leiga, da psicanálise praticada por leigos. Os doutores querem tornar a análise ilegal para os não médicos. A História, essa velha plagiadora, repete-se após cada descoberta. Os doutores combatem cada nova verdade no começo. Depois procuram monopolizá-la.
George Sylvester Vieireck: O senhor teve muito apoio dos leigos?
S. Freud: Alguns dos meus melhores discípulos são leigos.
George Sylvester Viereck: O senhor está praticando muito psicanálise?
S. Freud: Certamente. Neste momento estou trabalhando num caso muito difícil, tentando desatar os conflitos psíquicos de um interessante novo paciente. Minha filha também é psicanalista, como você vê ...
(Neste ponto apareceu Miss Anna Freud, acompanhada por seu paciente, um garoto de onze anos, de feições inconfundivelmente anglo-saxônica).
George Sylvester Viereck: O senhor já analisou a si mesmo?
S. Freud: Certamente. O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros. O psicanalista é como o bode expiatório dos hebreus. Os outros descarregam seus pecados sobre ele. Ele deve praticar sua arte à perfeição para desvencilhar-se do fardo jogado sobre ele.
George Sylvester Viereck: Minha impressão é de que a psicanálise desperta em todos que a praticam o espírito da caridade cristã. Nada existe na vida humana que a psicanálise não possa nos fazer compreender. “Tour comprec’est tout pardonner”.
S. Freud: Pelo contrário (esbravejou Freud – suas feições mudaram, assumindo a severidade de um profeta hebreu), compreender tudo não é perdoar tudo. A análise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que podemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância com o mal não é de maneira alguma um corolário do conhecimento.
(Compreendi subitamente porque Freud havia litigado com os seguidores que o haviam abandonado, porque ele não perdoa a sua dissensão do caminho reto da ortodoxia psicanalítica. Seu senso do que é direito é herança dos seus ancestrais. Uma herança de que ele se orgulha como se orgulha de sua raça).
Minha língua é o alemão. Minha cultura, minha realização é alemã. Eu me considero um intelectual alemão, até perceber o crescimento do preconceito anti-semita na Alemanha e na Áustria. Desde então prefiro me considerar judeu.
(Fiquei algo desapontado com esta observação. Parecia-me que o espírito de Freud deveria habitar nas alturas, além de qualquer preconceito de raças, que ele deveria ser imune a qualquer rancor pessoal. No entanto, precisamente a sua indignação, a sua honesta ira, tornava-o mais atraente como ser humano. Aquiles seria intolerável, não fosse por seu calcanhar!).
Geoprge Sylvester Viereck: Fico contente, Herr Professor, de que também o senhor tenha seus complexos, de que também o senhor demonstre que é um mortal!
S. Freud: Nossos complexos são a fonte de nossa fraqueza, mas com freqüência, são também a fonte de nossa força.
George Sylvester Viereck: Imagino, observei, quais seriam os meus complexos!
S. Freud: Uma análise séria dura ao menos um ano. Pode durar mesmo dois ou três anos. Você está dedicando muitos anos de sua vida à “caça aos leões”. Você procurou sempre as pessoas de destaque para a sua geração: Roosevelt, o Imperador, Hindenburg, Briand, Foch, Joffre, Georg Bernard Shaw...
George Sylvester Viereck: É parte do meu trabalho.
S. Freud: Mas é também sua preferência. O grande homem é um símbolo. A sua busca é a busca do seu coração. Você está procurando o grande homem para tomar o lugar do seu pai. É parte do seu “complexo do pai”.
(Neguei veementemente a afirmação de Freud. No entanto, refletindo sobre isso, parece-me que pode haver uma verdade, ainda não suspeitada por mim, em sua sugestão casual. Pode ser o mesmo impulso que me levou a ele. Gostaria, observei após um momento, de poder ficar aqui o bastante para vislumbrar o meu coração através dos seus olhos. Talvez, como a Medusa, eu morresse de pavor ao ver minha própria imagem! Entretanto, receio ser muito informando sobre a psicanálise. Eu freqüentemente anteciparia, ou tentaria antecipar suas intenções).
S. Freud: A inteligência num paciente não é um empecilho. Pelo contrário, às vezes facilita o trabalho.
(Neste ponto o mestre da psicanálise diverge de muitos dos seus seguidores, que não gostam de excessiva segurança do paciente sob o seu escrutínio).
George Sylvester Viereck: Por vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto, ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal.
S. Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.
George Sylvester Viereck: Por quê?
S. Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis com Aquiles e Heitor.
George Sylvester Viereck: Meu cachorro é um doberman Pinscher chamado Ajax.
(Freud também possuía um chow. Mais informações em http://www.chowchow.com.br/ - Nota do Site)
S. Freud: (sorrindo) Fico contente de que não possa ler. Ele certamente seria um membro menos querido da casa, se pudesse latir sua opinião sobre os traumas psíquicos e o complexo de Édipo!
George Sylvester Viereck: Mesmo o senhor, Professor, sonha a existência complexa demais. No entanto, parece-me que o senhor seja em parte responsável pelas complexidades da civilização moderna. Antes que o senhor inventasse a psicanálise, não sabíamos que nossa personalidade é dominada por uma hoste beligerante de complexos muito questionáveis. A psicanálise torna a vida um quebra-cabeças complicado.
S. Freud: De maneira alguma. A psicanálise torna a vida mais simples. Adquirimos uma nova síntese depois da análise. A psicanálise reordena um emaranhado de impulsos dispersos, procura enrolá-los em torno do seu carretel. Ou. modificando a metáfora, ela fornece o fio que conduz a pessoa fora do labirinto do seu inconsciente.
George Sylvster Viereck: Ao menos na superfície, porém, a vida humana nunca foi mais complexa. A cada dia alguma nova idéia proposta pelo senhor ou por seus discípulos torna o problema da condução humana mais intrigante e mais contraditório.
S. Freud: A psicanálise pelo menos, jamais fecha a porta a uma nova verdade.
George Sylvester Viereck: Alguns dos seus discípulos, mais ortodoxos do que o senhor, se apegam a cada pronunciamento que sai da sua boca.
S. Freud: A vida muda. A psicanálise também muda. Estamos apenas no começo de uma nova ciência.
George Sylvester Viereck: A estrutura científica que o senhor ergueu me parece ser muito elaborada. Seus fundamentos – a teoria do “deslocamento”, da “sexualidade infantil”, do “simbolismo dos sonhos”, etc... – parecem permanentes.
S. Freud: Eu repito, porém, que nós estamos apenas no início. Eu sou apenas um iniciador. Consegui desencavar monumentos soterrados nos substratos da mente. Mas ali onde eu descobri alguns templos, outros poderão descobrir continentes.
George Sylvester Viereck: O senhor ainda coloca a ênfase sobretudo no sexo?
S. Freud: Respondo com as palavras do seu próprio poeta, Walt Whitman: “Mas tudo faltaria, se faltasse o sexo” (“Yet all were lacking, if sex were lacking”). Entretanto, já lhe expliquei que agora coloco ênfase quase igual naquilo que está “além” do prazer – a morte, a negociação da vida. Este desejo explica por que alguns homens amam a dor – como um passo para o aniquilamento!Explica por que os poetas agradecem a
Whatever gods there be,
That no life lives forever
And even the weariest river
Winds somewhere safe to sea.
(“Quaisquer deuses que existam/Que a vida nenhuma viva para sempre/Que os mortos jamais se levantem /e também o rio mais cansado/Deságüe tranqüilo no mar”).
George Sylvester Viereck: Shaw, como o senhor, não deseja viver para sempre, mas à diferença do senhor, ele considera o sexo desinteressante.
S. Freud: (sorrindo) Shaw não compreende o sexo. Ele não tem a mais remota concepção do amor. Não há um verdadeiro caso amoroso em nenhuma de suas peças. Ele faz brincadeira do amor de Júlio César – talvez a maior paixão da História. Deliberadamente, talvez maliciosamente, ele despe Cleópatra de toda grandeza, reduzindo-a a uma insignificante garota. A razão para a estranha atitude de Shaw diante do amor, para a sua negação do móvel de todas as coisas humanas, que tira de suas peças o apelo universal, apesar do seu enorme alcance intelectual, é inerente à sua psicologia. Em um de seus prefácios, ele mesmo enfatiza o traço ascético do seu temperamento. Eu posso ter errado em muitas coisas, mas estou certo de que não errei ao enfatizar a importância do instinto sexual. Por ser tão forte, ele se choca sempre com as convenções e salvaguardas da civilização. A humanidade, em uma espécie de autodefesa, procura negar sua importância. Se você arranhar um russo, diz o provérbio, aparece o tártaro sob a pele. Analise qualquer emoção humana, não importa quão distante esteja da esfera da sexualidade e você certamente encontrará esse impulso primordial, ao qual a própria vida deve a perpetuação.
George Sylvester Viereck: O senhor, sem dúvidas, foi bem sucedido em transmitir esse ponto de vista aos escritores modernos. A psicanálise deu novas intensidades à literatura.
S. Freud: Também recebeu muito da literatura e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É surpreendente até que ponto a sua intuição prenuncia as novas descobertas. Ninguém se apercebeu mais profundamente dos motivos duais da conduta humana, da insistência do princípio do prazer em predominar indefinidamente. O Zaratustra E diz: “A dor grita: Vai! Mas o prazer quer eternidade Pura, profundamente eternidade”. A psicanálise, pode ser menos amplamente discutida na Áustria e na Alemanha do que nos Estados Unidos, a sua influência na literatura é imensa, porém, Thomas Mann e Hugo von Hafmannsthak muito devem a nós. Schnitzler percorre uma via que é, em larga medida, paralela ao meu próprio desenvolvimento. Ele expressa poeticamente o que eu tento comunicar cientificamente. Mas o Dr. Schnitzler não é apenas um poeta, é também um cientista.
George Sylvester Vieireck: O senhor não é apenas um cientista, mas também um poeta. A literatura americana está impregnada da psicanálise. Hupert Hughes Harvrey O’Higgins e outros se fazem de seus intérpretes. É quase impossível abrir um novo romance sem encontrar referência à psicanálise. Entre os dramaturgos, Eugene O’Neill e Sydney Howard têm profunda dívida para com o senhor. “A The Silver Cord”, por exemplo, é simplesmente uma dramatização do complexo de Édipo.
S. Freud: Eu sei e apresento o cumprimento que há nessa constatação. Mas tenho receio da minha popularidade nos Estados Unidos. O interesse americano pela psicanálise não se aprofunda. A popularização leva à aceitação superficial sem estudo sério. As pessoas apenas repetem as frases que aprendem no teatro ou na imprensa. Pensam compreender algo da psicanálise porque brincam com seu jargão! Eu prefiro a ocupação intensa com a psicanálise, tal como ocorre nos centros europeus. A América foi o primeiro país a reconhecer-me oficialmente. A “Clark University” concedeu-me um diploma honorário quando eu ainda era ignorado na Europa. Entretanto, a América fez poucas contribuições originais à psicanálise. Os americanos são julgadores inteligentes, raramente pensadores criativos. Os médicos nos Estados Unidos e ocasionalmente também na Europa, procuram monopolizar para si a psicanálise. Mas seria um perigo para a psicanálise deixá-la exclusivamente nas mãos dos médicos, pois uma formação estritamente médica é, com freqüência, um empecilho para o psicanalista É sempre um empecilho, quando certas concepções científicas tradicionais ficam arraigadas no cérebro estudioso.
(Freud tem que dizer a verdade a qualquer preço! Ele não pode obrigar a si mesmo a agradar a América, onde está a maioria de seus admiradores. Apesar da sua intransigente integridade, Freud é a urbanidade em pessoa. Ele ouve pacientemente cada intervenção, não procurando jamais intimidar o entrevistador. Raro é o visitante que deixa sua presença sem algum presente, algum sinal de hospitalidade! Havia escurecido. Era tempo de eu tomar o trem de volta à cidade que uma vez abrigara o esplendor imperial dos Hasburgos. Acompanhada da esposa e da filha, Freud desceu os degraus que levavam do seu refúgio na montanha à rua, para me ver partir. Ele me pareceu cansado e triste, ao dar o seu adeus).
S. Freud: Não me faça parecer um pessimista (disse ele após o aperto de mão). Eu não tenho desprezo pelo mundo. Expressar desdém pelo mundo é apenas outra forma de cortejá-lo, de ganhar audiência e aplauso. Não, eu não sou um pessimista, não, enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! Não sou infeliz – ao menos não mais infeliz que os outros.
(O apito de meu trem soou na noite. O automóvel me conduzia rapidamente para a estação. Aos poucos o vulto ligeiramente curvado e a cabeça grisalha de Sigmund Freud desapareceram na distância).
Tradução de Paulo César Souza
S. Freud: Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.
(Quem fala é o professor Sigmund Freud, o grande explorador da alma. O cenário da nossa conversa foi uma casa de verão no Semmering, uma montanha nos Alpes austríacos. Eu havia visto o pai da psicanálise pela última vez em sua casa modesta na capital austríaca. Os poucos anos entre minha última visita e a atual, multiplicaram as rugas na sua fronte. Intensificaram a sua palidez de sábio. Sua face estava tensa, como se sentisse dor. Sua mente estava alerta, seu espírito firme, sua cortesia impecável como sempre, mas um ligeiro impedimento da fala me perturbou. Parece que o tumor maligno no maxilar superior necessitou ser operado. Desde então Freud usa uma prótese, para ele uma causa de constante irritação).
S. Freud: Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro ele a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção. Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos.
(Freud se recusa a admitir que o destino lhe reserva algo especial).
Por que (disse calmamente) deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com suas agruras, chega para todos. Eu não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, mais de setenta anos. Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas – a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr-do-sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?
George Sylvester Viereck : O senhor teve a fama. Sua obra influi na literatura de cada país. O homem olha a vida e a si mesmo com outros olhos, por causa do senhor. Recentemente, no seu septuagésimo aniversário, o mundo se uniu para homenageá-lo – com exceção da sua Universidade.
S. Freud: Se a Universidade de Viena me demonstrasse reconhecimento, eu ficaria embaraçado. Não há razão em aceitar a mim e a minha obra porque tenho setenta anos. Eu não atribuo importância insensata aos decimais. A fama chega apenas quando morremos e, francamente, o que vem depois não me interessa. Não aspiro à glória póstuma. Minha modéstia não é virtude.
George Sylvester Viereck: Não significa nada o fato de que o seu nome vai viver?
S. Freud: Absolutamente nada, mesmo que ele viva, o que não é certo. Estou bem mais preocupado com o destino de meus filhos. Espero que suas vidas não venham a ser difíceis. Não posso ajudá-los muito. A guerra praticamente liquidou com minhas posses, o que havia poupado durante a vida. Mas posso me dar por satisfeito. O trabalho é minha fortuna.
(Estávamos subindo e descendo uma pequena trilha no jardim da casa. Freud acariciou ternamente um arbusto que florescia).
S. Freud: Estou muito mais interessado neste botão do que no que possa me acontecer depois que estiver morto.
George Sylvester Viereck: Então o senhor é, afinal, um profundo pessimista?
S. Freud: Não, não sou. Não permito que nenhuma reflexão filosófica estrague a minha fruição das coisas simples da vida.
George Sylvester Viereck: O senhor acredita na persistência da personalidade após a morte, de alguma forma que seja?
S. Freud: Não penso nisso. Tudo o que vive perece. Por que deveria o homem constituir uma exceção?
George Sylvester Viereck: Gostaria de retornar em alguma forma, de ser resgatado do pó? O senhor não tem, em outras palavras, desejo de imortalidade?
S. Freud: Sinceramente não. Se a gente reconhece os motivos egoístas por trás da conduta humana, não tem o mínimo desejo de voltar à vida. Movendo-se num círculo, seria ainda a mesma. Além disso, mesmo se o eterno retorno das coisas, para usar a expressão de Nietzsche, nos dotasse novamente do nosso invólucro carnal, para que serviria, sem memória? Não haveria elo entre passado e futuro. No que me toca, estou perfeitamente satisfeito em saber que o eterno aborrecimento de viver finalmente passará. Nossa vida é necessariamente uma série de compromissos, uma luta interminável entre o ego e seu ambiente. O desejo de prolongar a vida excessivamente me parece absurdo.
George Sytlvester Viereck: Bernard Shaw sustenta que vivemos muito pouco. Ele acha que o homem pode prolongar a vida se assim desejar, levando sua vontade a atuar sobre as forças da evolução. Ele crê que a humanidade pode reaver a longevidade dos patriarcas.
S. Freud: É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por uma pessoa habitam em nosso peito ao mesmo tempo, assim também toda a vida conjuga o desejo de manter-se e o desejo da própria destruição. Do mesmo modo como um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda a matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e os impulsos de morte habitam lado a lado dentro de nós. A Morte é a companheira do Amor. Juntos eles regem o mundo. Isto é o que diz o meu livro: “Além do Princípio do Prazer”. No começo, a psicanálise, supôs que o Amor tinha toda a importância. Agora sabemos que a Morte é igualmente importante. Biologicamente, todo ser vivo, não importa quão intensamente a vida queime dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação da “febre chamada viver”, anseia pelo seio de Abraão. O desejo pode ser encoberto por digressões. Não obstante, o objetivo derradeiro da vida é a sua própria extinção.
George Sylvester Vierneck: Isto é a filosofia da autodestruição. Ela justifica o auto-extermínio. Levaria logicamente ao suicídio universal imaginado por Eduard von Hartmann.
S. Freud: A humanidade não escolhe o suicídio porque a lei do seu ser desaprova a via direta para o seu fim. A vida tem que completar o seu ciclo de existência. Em todo ser normal, a pulsão de vida é forte o bastante para contrabalançar a pulsão de morte, embora no final resulte mais a forte. Podemos entreter a fantasia de que a Morte nos vem por nossa própria vontade. Seria mais possível que pudéssemos vencer a Morte, não fosse por seu aliado dentro de nós. Neste sentido (acrescentou Freud com um sorriso) pode ser justificado dizer que toda a morte é suicídio disfarçado.
(Estava ficando frio no jardim. Prosseguimos a conversa no gabinete. Vi uma pilha de manuscritos sobre a mesa, com a caligrafia clara de Freud.)
George Sylvester Viereck: Em que o senhor está trabalhando?
S. Freud: Estou escrevendo uma defesa da análise leiga, da psicanálise praticada por leigos. Os doutores querem tornar a análise ilegal para os não médicos. A História, essa velha plagiadora, repete-se após cada descoberta. Os doutores combatem cada nova verdade no começo. Depois procuram monopolizá-la.
George Sylvester Vieireck: O senhor teve muito apoio dos leigos?
S. Freud: Alguns dos meus melhores discípulos são leigos.
George Sylvester Viereck: O senhor está praticando muito psicanálise?
S. Freud: Certamente. Neste momento estou trabalhando num caso muito difícil, tentando desatar os conflitos psíquicos de um interessante novo paciente. Minha filha também é psicanalista, como você vê ...
(Neste ponto apareceu Miss Anna Freud, acompanhada por seu paciente, um garoto de onze anos, de feições inconfundivelmente anglo-saxônica).
George Sylvester Viereck: O senhor já analisou a si mesmo?
S. Freud: Certamente. O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros. O psicanalista é como o bode expiatório dos hebreus. Os outros descarregam seus pecados sobre ele. Ele deve praticar sua arte à perfeição para desvencilhar-se do fardo jogado sobre ele.
George Sylvester Viereck: Minha impressão é de que a psicanálise desperta em todos que a praticam o espírito da caridade cristã. Nada existe na vida humana que a psicanálise não possa nos fazer compreender. “Tour comprec’est tout pardonner”.
S. Freud: Pelo contrário (esbravejou Freud – suas feições mudaram, assumindo a severidade de um profeta hebreu), compreender tudo não é perdoar tudo. A análise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que podemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância com o mal não é de maneira alguma um corolário do conhecimento.
(Compreendi subitamente porque Freud havia litigado com os seguidores que o haviam abandonado, porque ele não perdoa a sua dissensão do caminho reto da ortodoxia psicanalítica. Seu senso do que é direito é herança dos seus ancestrais. Uma herança de que ele se orgulha como se orgulha de sua raça).
Minha língua é o alemão. Minha cultura, minha realização é alemã. Eu me considero um intelectual alemão, até perceber o crescimento do preconceito anti-semita na Alemanha e na Áustria. Desde então prefiro me considerar judeu.
(Fiquei algo desapontado com esta observação. Parecia-me que o espírito de Freud deveria habitar nas alturas, além de qualquer preconceito de raças, que ele deveria ser imune a qualquer rancor pessoal. No entanto, precisamente a sua indignação, a sua honesta ira, tornava-o mais atraente como ser humano. Aquiles seria intolerável, não fosse por seu calcanhar!).
Geoprge Sylvester Viereck: Fico contente, Herr Professor, de que também o senhor tenha seus complexos, de que também o senhor demonstre que é um mortal!
S. Freud: Nossos complexos são a fonte de nossa fraqueza, mas com freqüência, são também a fonte de nossa força.
George Sylvester Viereck: Imagino, observei, quais seriam os meus complexos!
S. Freud: Uma análise séria dura ao menos um ano. Pode durar mesmo dois ou três anos. Você está dedicando muitos anos de sua vida à “caça aos leões”. Você procurou sempre as pessoas de destaque para a sua geração: Roosevelt, o Imperador, Hindenburg, Briand, Foch, Joffre, Georg Bernard Shaw...
George Sylvester Viereck: É parte do meu trabalho.
S. Freud: Mas é também sua preferência. O grande homem é um símbolo. A sua busca é a busca do seu coração. Você está procurando o grande homem para tomar o lugar do seu pai. É parte do seu “complexo do pai”.
(Neguei veementemente a afirmação de Freud. No entanto, refletindo sobre isso, parece-me que pode haver uma verdade, ainda não suspeitada por mim, em sua sugestão casual. Pode ser o mesmo impulso que me levou a ele. Gostaria, observei após um momento, de poder ficar aqui o bastante para vislumbrar o meu coração através dos seus olhos. Talvez, como a Medusa, eu morresse de pavor ao ver minha própria imagem! Entretanto, receio ser muito informando sobre a psicanálise. Eu freqüentemente anteciparia, ou tentaria antecipar suas intenções).
S. Freud: A inteligência num paciente não é um empecilho. Pelo contrário, às vezes facilita o trabalho.
(Neste ponto o mestre da psicanálise diverge de muitos dos seus seguidores, que não gostam de excessiva segurança do paciente sob o seu escrutínio).
George Sylvester Viereck: Por vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto, ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal.
S. Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.
George Sylvester Viereck: Por quê?
S. Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis com Aquiles e Heitor.
George Sylvester Viereck: Meu cachorro é um doberman Pinscher chamado Ajax.
(Freud também possuía um chow. Mais informações em http://www.chowchow.com.br/ - Nota do Site)
S. Freud: (sorrindo) Fico contente de que não possa ler. Ele certamente seria um membro menos querido da casa, se pudesse latir sua opinião sobre os traumas psíquicos e o complexo de Édipo!
George Sylvester Viereck: Mesmo o senhor, Professor, sonha a existência complexa demais. No entanto, parece-me que o senhor seja em parte responsável pelas complexidades da civilização moderna. Antes que o senhor inventasse a psicanálise, não sabíamos que nossa personalidade é dominada por uma hoste beligerante de complexos muito questionáveis. A psicanálise torna a vida um quebra-cabeças complicado.
S. Freud: De maneira alguma. A psicanálise torna a vida mais simples. Adquirimos uma nova síntese depois da análise. A psicanálise reordena um emaranhado de impulsos dispersos, procura enrolá-los em torno do seu carretel. Ou. modificando a metáfora, ela fornece o fio que conduz a pessoa fora do labirinto do seu inconsciente.
George Sylvster Viereck: Ao menos na superfície, porém, a vida humana nunca foi mais complexa. A cada dia alguma nova idéia proposta pelo senhor ou por seus discípulos torna o problema da condução humana mais intrigante e mais contraditório.
S. Freud: A psicanálise pelo menos, jamais fecha a porta a uma nova verdade.
George Sylvester Viereck: Alguns dos seus discípulos, mais ortodoxos do que o senhor, se apegam a cada pronunciamento que sai da sua boca.
S. Freud: A vida muda. A psicanálise também muda. Estamos apenas no começo de uma nova ciência.
George Sylvester Viereck: A estrutura científica que o senhor ergueu me parece ser muito elaborada. Seus fundamentos – a teoria do “deslocamento”, da “sexualidade infantil”, do “simbolismo dos sonhos”, etc... – parecem permanentes.
S. Freud: Eu repito, porém, que nós estamos apenas no início. Eu sou apenas um iniciador. Consegui desencavar monumentos soterrados nos substratos da mente. Mas ali onde eu descobri alguns templos, outros poderão descobrir continentes.
George Sylvester Viereck: O senhor ainda coloca a ênfase sobretudo no sexo?
S. Freud: Respondo com as palavras do seu próprio poeta, Walt Whitman: “Mas tudo faltaria, se faltasse o sexo” (“Yet all were lacking, if sex were lacking”). Entretanto, já lhe expliquei que agora coloco ênfase quase igual naquilo que está “além” do prazer – a morte, a negociação da vida. Este desejo explica por que alguns homens amam a dor – como um passo para o aniquilamento!Explica por que os poetas agradecem a
Whatever gods there be,
That no life lives forever
And even the weariest river
Winds somewhere safe to sea.
(“Quaisquer deuses que existam/Que a vida nenhuma viva para sempre/Que os mortos jamais se levantem /e também o rio mais cansado/Deságüe tranqüilo no mar”).
George Sylvester Viereck: Shaw, como o senhor, não deseja viver para sempre, mas à diferença do senhor, ele considera o sexo desinteressante.
S. Freud: (sorrindo) Shaw não compreende o sexo. Ele não tem a mais remota concepção do amor. Não há um verdadeiro caso amoroso em nenhuma de suas peças. Ele faz brincadeira do amor de Júlio César – talvez a maior paixão da História. Deliberadamente, talvez maliciosamente, ele despe Cleópatra de toda grandeza, reduzindo-a a uma insignificante garota. A razão para a estranha atitude de Shaw diante do amor, para a sua negação do móvel de todas as coisas humanas, que tira de suas peças o apelo universal, apesar do seu enorme alcance intelectual, é inerente à sua psicologia. Em um de seus prefácios, ele mesmo enfatiza o traço ascético do seu temperamento. Eu posso ter errado em muitas coisas, mas estou certo de que não errei ao enfatizar a importância do instinto sexual. Por ser tão forte, ele se choca sempre com as convenções e salvaguardas da civilização. A humanidade, em uma espécie de autodefesa, procura negar sua importância. Se você arranhar um russo, diz o provérbio, aparece o tártaro sob a pele. Analise qualquer emoção humana, não importa quão distante esteja da esfera da sexualidade e você certamente encontrará esse impulso primordial, ao qual a própria vida deve a perpetuação.
George Sylvester Viereck: O senhor, sem dúvidas, foi bem sucedido em transmitir esse ponto de vista aos escritores modernos. A psicanálise deu novas intensidades à literatura.
S. Freud: Também recebeu muito da literatura e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É surpreendente até que ponto a sua intuição prenuncia as novas descobertas. Ninguém se apercebeu mais profundamente dos motivos duais da conduta humana, da insistência do princípio do prazer em predominar indefinidamente. O Zaratustra E diz: “A dor grita: Vai! Mas o prazer quer eternidade Pura, profundamente eternidade”. A psicanálise, pode ser menos amplamente discutida na Áustria e na Alemanha do que nos Estados Unidos, a sua influência na literatura é imensa, porém, Thomas Mann e Hugo von Hafmannsthak muito devem a nós. Schnitzler percorre uma via que é, em larga medida, paralela ao meu próprio desenvolvimento. Ele expressa poeticamente o que eu tento comunicar cientificamente. Mas o Dr. Schnitzler não é apenas um poeta, é também um cientista.
George Sylvester Vieireck: O senhor não é apenas um cientista, mas também um poeta. A literatura americana está impregnada da psicanálise. Hupert Hughes Harvrey O’Higgins e outros se fazem de seus intérpretes. É quase impossível abrir um novo romance sem encontrar referência à psicanálise. Entre os dramaturgos, Eugene O’Neill e Sydney Howard têm profunda dívida para com o senhor. “A The Silver Cord”, por exemplo, é simplesmente uma dramatização do complexo de Édipo.
S. Freud: Eu sei e apresento o cumprimento que há nessa constatação. Mas tenho receio da minha popularidade nos Estados Unidos. O interesse americano pela psicanálise não se aprofunda. A popularização leva à aceitação superficial sem estudo sério. As pessoas apenas repetem as frases que aprendem no teatro ou na imprensa. Pensam compreender algo da psicanálise porque brincam com seu jargão! Eu prefiro a ocupação intensa com a psicanálise, tal como ocorre nos centros europeus. A América foi o primeiro país a reconhecer-me oficialmente. A “Clark University” concedeu-me um diploma honorário quando eu ainda era ignorado na Europa. Entretanto, a América fez poucas contribuições originais à psicanálise. Os americanos são julgadores inteligentes, raramente pensadores criativos. Os médicos nos Estados Unidos e ocasionalmente também na Europa, procuram monopolizar para si a psicanálise. Mas seria um perigo para a psicanálise deixá-la exclusivamente nas mãos dos médicos, pois uma formação estritamente médica é, com freqüência, um empecilho para o psicanalista É sempre um empecilho, quando certas concepções científicas tradicionais ficam arraigadas no cérebro estudioso.
(Freud tem que dizer a verdade a qualquer preço! Ele não pode obrigar a si mesmo a agradar a América, onde está a maioria de seus admiradores. Apesar da sua intransigente integridade, Freud é a urbanidade em pessoa. Ele ouve pacientemente cada intervenção, não procurando jamais intimidar o entrevistador. Raro é o visitante que deixa sua presença sem algum presente, algum sinal de hospitalidade! Havia escurecido. Era tempo de eu tomar o trem de volta à cidade que uma vez abrigara o esplendor imperial dos Hasburgos. Acompanhada da esposa e da filha, Freud desceu os degraus que levavam do seu refúgio na montanha à rua, para me ver partir. Ele me pareceu cansado e triste, ao dar o seu adeus).
S. Freud: Não me faça parecer um pessimista (disse ele após o aperto de mão). Eu não tenho desprezo pelo mundo. Expressar desdém pelo mundo é apenas outra forma de cortejá-lo, de ganhar audiência e aplauso. Não, eu não sou um pessimista, não, enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! Não sou infeliz – ao menos não mais infeliz que os outros.
(O apito de meu trem soou na noite. O automóvel me conduzia rapidamente para a estação. Aos poucos o vulto ligeiramente curvado e a cabeça grisalha de Sigmund Freud desapareceram na distância).
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André Díspore Cancian
sábado, 31 de dezembro de 2011
2012...... DOIS MIL E DOZE?
São 03: 27 hs, em poucas horas será um outro periodo que se inicia, um calendário... criado a partir da vinda de um mito ! e não sei porque este vazio da realidade que em mim provoca me acende o desejo da morte, ou seria sumir? desaparecer, e manter-me em refugio em algum buraco negro? Este mundo fisico me apavora, e como na letra da musica de Renato Russo....'' ...E de repente este vazio dentro de mim, é esta febre que não passa, e meu sorriso sem graça, ... não me de atenção....é só hoje e isto passará''... e eu digo : NÃO PASSA! quando era criança olhava o ceu em busca de respostas, olhava e olhava e quanto mais olhava, mais vazia me sentia... e tambem olhava as outras crianças e sentia-me tão distante do ''mundo'' delas.. e ate agora , neste instante, não sei quem sou, hoje falei a um estranho : Quero morrer! se morresse agora, que alivio seria, estou cansada deste mundo, não por ele, mas pelas pessoas que me fazem sofrer, não aguento mais isto aqui, sou verdadeira com as pessoa amo ou odeio, mas sempre verdadeira, quero ir para um lugar, onde eu não veja estas pessoas.... E desabafei com ele, sem receio, sem vergonha de expor minha desilusão com a vida, muitos tem medo da morte, mas eu não tenho, acho que ela me trará paz, estou profundamente desiludida com esta vida, ser muito inteligente, e ser artista, é um peso que se carrega que a consciencia não dá conta! e fica-se assim ''um santo barroco'' é como me sinto, e aos 33 anos,( daqui 1 mes aos 34, sera que chego.. não sei? ) estou imensamente sobregarregada deste materialismo artificial deste mundo falso, e quando penso que terei 365 dias pela frente, de acordo com o planejamento de um calendario , isto me faz sentir um esgotamento , que vem do coração, um esgotamento pedindo a morte, pedindo para sair daqui e voltar pra casa, é o mesmo que estar em um hotel de alguma cidade e não se ve a hora de chegar em casa, porque a comida do hotel esta dando nauseas, a cidade perdeu a graça, e voce ve sempre as mesmas pessoas, as mesmas reunioes, o mesmo cardápio, as mesmas conversas, o mesmo clima, o mesmo tudo! e voce sente com todas as visceras, que deseja intensamente voltar para casa! mas para onde voltar? que casa? que lugar? o que encontrar? me sinto assim... me sinto deslocada de algum lugar para este lugar... e não sei para onde voltar, ou o que voltar? uma nostalgia toma conta de mim, e entro em meu cásulo, não quero ser encontrada, queria encontrar, tenho medo, muito medo, medo que poderei sentir novamente ao ver mais alguem, e este alguem arramcar meu coração, e meu coração foi por diversas vezes arrancado, e ele é muito importante para mim, mas ele esta no fim, sobrou muito pouco dele de tudo que ja foi destruido, e tenho medo, muito medo de alguem destruir o que restou dele, então... entro em meu cásulo, esta aquecido aqui, esta escuro, ouço vozes do lado de fora, alguem me chama, finjo não ouvir, alguem bate no cásulo, finjo não sentir, alguem move o cásulo, sinto não se mexer... quero colo, do silencio, o silencio que ao mesmo tempo me apovora mas que toma conta de mim, gosto dele, tem sido meu companheiro por muito anos, nunca me abandona, eu e o silencio, se a morte for silencio, então estarei bem, eu já me aborreci demais com os barulhos das grandes explosoes que espalharam estilhaços de bombas e me perfuraram os pulmoes , a garganta e meus olhos, não quero ir para o lado de fora, estou bem aqui e permanecerei aqui, por um longo periodo, os 365 dias de um ano que alguem, um alguem, inventou por falta de tempo ou por muito tempo, e estamos superficialmente nele, neste ano, que não há um ANO! é apenas vestígios de um dogma que foi o rastreamento do comando dos sub-pecadores....
JO. WERONYKA?
domingo, 18 de dezembro de 2011
CHRIS HITCHENS & SERGIO BRITTO & JÃOZINHO TRINTA & CESARIA EVORA : A REUNIÃO
NOTICIAS DE ULTIMA HORA:
Após a reunião com os oficiais da sétima constelação da arte, chegaram a uma conclusão; oficial estratégico faz o pronunciamento:
Oficial Estratégico: Está na hora, não podemos perder mais tempo ! falta apenas mais 365 dias para o fim do mundo!
vamos agir companheiros !! eis que chega o dia ''D'' vasculhem agora todos os artistas do planeta Insano, precisaremos de quatro transmutadores de energia aqui, para irradiar amor e paz para este, este, este planeta insano!!! haja visto que aquele povo esta nos dando mais dor de cabeça do que SODOMA & GAMORRA!!! o tempo urge !!! traga-nos já!!!
Diante da ordem do Sr. Estratégico, os anoes da constelação aipede, aitesão, aipreguiça, aisono, airaiva, aiamor, aifoda, saiem em fila para seus ''Yesfucks''
Aifoda grita: Ei , encontrei os quatro!!! estão todos sufocados!!
Aipede fala: Porra, ai, vamos trazer eles pra cá, ai... tiraremos eles deste sufoco, ai, todos concordam?
todos dizem aos mesmo tempo: INICIAR !!!! PROGRAMAR!!!, INSERIR!!!
E os anoes se agrupam, e seguem em missão cavalo de troia
1 semana depois.......
Os anoes retornam a constelação com os quatro des-sufocados....
sendo eles: Escritolemico, sergiotreatrito, Joãotrincarnal e Ceriacantora
Os des-sufocados, ainda um tanto sem folego e mal podendo falar......
mas mesmo assim insistem em falar.. e então falam:
Escritolemico : Deus não existe e que merda eh esta aqui?
Sergioteatrito :Há que pensarmos e analisarmos, o que venha a ser este caos
Joãotricarnal: Bora, vamo samba, porque a vida continua!!!
Ceriacantora: vamos conversar e veremos o que faremos.....
AGUARDEM... PRÓXIMOS CAPITULOS.......
by Jo. Weronyka
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
O BEIJO DE UM ORGASMO !!!!!!
*fotografia by Niño Muñoz
Mato o mundo , sempre mato quando chega o final de mais um ano..... mato, mato e enterro nas profundezas o que maltrata e fere, mato e me atrevo a matar tantas vezes for preciso, então novamente te matarei... seu verbo , sua egolatria e sua insana covardia, mato os pássaros que insistem em voar em minha cabeça para me atordoar, matarei eles tambem... agora estou a matar o finito da impressão primaria de todas as coisas, que coisas? coisas estas que estão sempre a me perseguir, olho para traz e nada vejo, mas mesmo assim, mato ! e matar esta sendo vulgar, ah !! como eu gosto de ser vulgar, aquele vulgaresco sem medidas, ambiguidade que vai alem do que seja alem do que eu mesma me matar.... mas isto não interessa, matar agora, isto tem sido uma necessidade um gesto de liberdade , por isto matarei !! não, não ninguem ira me impedir, porque o sexo que faço é a arte de matar, mato, mato o espirito da crueldade, pois sou tão bondosa quando mato... mato sem arrependimentos, mato e as gargalhadas transpiram, saiem alvoraçadas e ameaçadas por mim, por matar !!! e assim, prossigo, matando !! matar tem sido mais que me exitar em matar, matar tem sido tudo o que me faz gozar !!! a transparencia de sangue que vai fugindo a um adeus fraco sem gostos e sem desgostos, isto me machuca, me teima em matar sempre mais e mais matar.... escuto o sino tocar, então irei ao corredor, e irei matar , matar quem vende a traição e se masturba da dor de um aperto de mão por se culpar, então, agora mato todas as culpas, te deixo livre, porque voce precisa continuar meu querido, mate mas não se mate, eu te mato, mato sua inveja e sua calorosa queixa ao se distrair e não ver que eu estava perto de ti, sinta, sinta te matar !!! Dou um beijo de alivio... sigo andando, meus pes estão cansados, vou sentar, e me preparar para matar, resgatar minha índole de cafageste resgate de um faroeste do desespero em que te encontrei, bem... preciso , ir, pensar em matar é riscar o que sufoca nos papeis do destino, nunca acreditei em destino, por isto sempre matei e seguirei sem desculpar por matar, matar pra mim tem sido uma arte, a arte de matar tudo o que está fora de uma estratégia que não inventei , então porque aceita-las? então irei te matar !!! não me procure, eu estou em voce, estou em sua revolta de ser ou não ser, sou o que voce esconde, sou seu pesadelo e seu sonho, sua loucura e suas injúrias, sou quem sou, por isto em voce sempre estou.....
JO. WERONYKA
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
A PASSAGEM _ O OUTRO LADO DA VIDA
A brisa leve toca nos campos, recordaçoes que se voltam barulhentas , tranquilas e estranhas.... um misto de incertezas de um futuro, há que será haver futuro? ninguem sabe e ninguem viu, estamos por enquanto restamos do que estamos, ao frio ou ao calor, arremeçados tumultuados e solitários no fim, a quietude está bem próxi...ma agora, olhando a distancia, parece que se torna mais fácil e coerente.... sim ... parece? não.. não... é apenas vagos sentimentos da saudade de um tempo que se foi ou mesmo não foi está em disfarce esperando o agir de nós, em gritos para quebrar o silencio e ir adiante.. caminhar se torna curto... quando a penumbra nos cobre as costas e o olhar se torna pesado, sofrido, insólito da mágica da energia abstrata mas presente e interrogativa sempre... mas sempre porque e para que, ou para quem, sabe -se lá !!! as respostas estão em sorteio, imaginar não faz parte deste percurso, precisamos aprender a voar e reapreender a viver aqui , neste fluir de emoçoes e comoçoes somos grãos de areia sujeitos a imprevisoes de uma suposta infinita passagem, mas que estamos mesmo, presos a ela... e falta tão pouco, mas os pés estão acorrentados e não posso tocar-lhe a mão meu querido... envie as nossas lembranças, somos nelas, mais do que daquelas imagens retiradas ao calor da diversão quandos nos entregávamos a morte lenta do corpo e da alma e não presentimos...tudo era tão agradável demais !!! e estamos agora cobertos de vexames , de nossas imperfeiçoes que ampliamos na correria do ter para ser.... meu querido, espere por nós... sera que vossa paciencia o permite... estamos indo... a cada passo uma vitória que atingimos e as perspectivas aumentam e possamos sentir nelas o afago de um abraço e um beijo não esquecido....
JO. WERONYKA
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